terça-feira, 15 de outubro de 2013

'É um dia triste (dia do professor), nunca fomos tão violentados', afirma professora!

  • Foto: Greve dos professores deste ano em São Gonçalo. Jornal Extra.


  • Foto: Professores sendo expulsos da Câmara de Vereadores - Rio.
    Foto: UFG

    Hoje é o dia do professor, e aqui quero expressar a minha gratidão a todos que passaram pela minha vida, e de tantos gonçalenses, e que passam pela vida de tantos que ainda são ensinados para um futuro melhor. Pra comemorar este dia, o 'São Gonçalo Acontece' traz uma entrevista com uma professora da Rede Estadual, justamente pela greve que passa de dois meses, o mesmo movimento que também aconteceu este ano na rede municipal de São Gonçalo, Niterói e acontece em Itaboraí e na cidade do Rio, além das escolas estaduais!

    Nada nesta matéria foi editada, e tudo o que a professora Martins relatou, está aqui!

    Professora da Rede Estadual, Carlas Martins - Em greve na escola onde trabalha.



  • Como se sente como professora neste dia intitulado para vocês ?
Esse ano, mais especificamente, me sinto vivendo um paradoxo de alegrias e tristezas.
  • Porque alegrias e tristezas ?

    Alegrias por ver multidões na rua pedindo por Educação pública de qualidade, por ver e ter companheiros e companheiras tão firmes numa luta tão importante como é a da educação e triste, porque nunca o professor e a Educação foram tão desrespeitados,tão violentados.

    Com baixos salários e atitudes agressivas por parte do governo, como você citou , o que te faz hoje permanecer na Rede escolar e especialmente estadual ?

    O gosto por educar,por transformar mentes,por levar seres humanos a pensarem.
O que falta para este dia ser mais que uma data, mas uma comemoração ?

Falta encarar a educação sem o olhar do capital, sem ter fins mercadológicos, encarar a educação como base de sustentação de uma sociedade que forme seres humanos pensantes e que dê a esses seres humanos oportunidades igualitárias.

A greve nas escolas atingem mais de 40% dos professores em Niterói e São Gonçalo. Não acha que mais de dois meses em paralisação deixa os alunos menos pensantes, já que você aqui afirma está formando pensadores?
  • A greve questiona exatamente esse processo de tratar a educação como mercadoria. 

  • Quando fazemos uma greve, não tentamos sabotar nossos alunos, estamos lutando para que tanto eles quanto nós, profissionais de educação, sejamos respeitados. Para que nossas escolas tenham estruturas básicas de funcionamento, para que alunos não sejam vistos como números que geram lucro somente ao governo. Lutamos pela permanência da escola pública. Lutamos para que eles (estudantes) tenham as mesmas condições que alunos de escolas particulares na hora de tentarem o vestibular. A greve envolve muita luta e a luta sempre educa, pois passamos a reconhecer e conhecer nosso espaço no mundo em que vivemos.

quando entrei na UFF, ouvia de muitos amigos que faziam faculdade particular: "universidade pública vive em greve".



  • E as matérias que não estão sendo dadas ?



  • Dentro da minha trajetória na UFF (Universidade Federal Fluminense), passei por umas três greves. Sempre tivemos reposição, conteúdos dados e pude desfrutar dos mais ricos debates da minha vida.

  • O que hoje em nome dos professores, você diria para os responsáveis destes alunos, muitos de 11-12 anos, 
  • e para os próprios vestibulandos, no terceiro ano do 
  • ensino médio?


  • Passei em concursos e minha vida acadêmica nunca foi prejudicada por greve nenhuma, pelo contrário, foram naquelas greves que aprendi a começar a lutar pelo ensino público de qualidade.


  • serão repostas. vou te dar um exemplo:

    Diria para não compararem o discurso da Rede Globo, porque nossa luta é pela continuidade e dignidade do ensino público. Diria para nunca esquecerem que hoje temos na rede pública professores que chegam a trabalhar em oito escolas, por terem apenas 1 tempo de aula (como filosofia e sociologia), diria que enquanto o secretário de educação dá declarações públicas que os nossos alunos são semi-analfabetos, nós lutamos diariamente em salas de aulas lotadas correndo de uma escola para outra, tendo que trabalhar o dia inteiro para sustentar nossas famílias, levamos trabalho pra casa, para poder formar os alunos. Não queremos formar máquinas que reproduzam discursos globais e que se conformem com a condição que um governo corrupto lhes impõem. Diria que nunca na história se conseguiu vitórias sem lutas e sacrifícios.

    Se hoje o Governo do Estado se tornasse popular, e buscasse uma nova política, você sendo consultada, o que mudaria na educação pública do Rio ?




  • Valorizaria professores e funcionários com salários dignos, acabaria com planos de metas, investiria o máximo possível na educação. Na minha opinião, inclusive, se o governo do estado se tornasse popular, só haveria escolas públicas.

  • Acredita que é possível a volta do reconhecimento do professor no Brasil ?

  • Acredito plenamente. Mas para isso, certamente, teríamos que ter um governo completamente diferente, comprometido com as questões sociais.


    • O problema seria só governamental então ?
      O problema faz parte de um sistema excludente que vivemos e o atual governo é parte desse sistema que visa o lucro acima de todas as coisas

    Que pergunta você faria se fosse a entrevistadora ?


      Não sei...tenho um monte de dúvidas na vida, mas certamente no que toca a Educação acumulo certezas. Certezas de que é possível uma educação pública de qualidade, certeza de que recursos não faltam para serem investidos na educação (falta é política e vontade dos governos), certeza de que a escola pública merece respeito, que em professor não se bate, que nosso alunos merecem o melhor, certeza de que lutar vale e sempre valerá a pena.



    • Pra fechar, como é ter esta grande responsabilidade em formar cidadãos?

    Como diria o Caetano Veloso: "É lindo, é lindo!" Educar é lindo!

    Parabéns pela bela e a Maior profissão, e sorte nas lutas e no ensino!




    O parabéns se estende a todos nós que acreditamos num mundo mais justo e igualitário!




    Homenagem aos professores nas Redes Sociais:



    Foto: União Nacional dos Estudantes


    Foto: Prefeito Neilton Mulim

    Foto: Kethelen

    Foto: Divino Pai Eterno
    Foto: Estefani
    Foto: História da Depressão

    Foto: Sou Nordestino da Gema







    Hoje tem uma manifestação pela educação pública dos professores da rede municipal do Rio e estadual, inclusive de São Gonçalo. Concentração 17h na Candelária!








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